29 de julho de 2003

Relato: Travessia da Ponta da Joatinga - Paraty/RJ

Este relato é a continuação da Travessia da Serra da Bocaina - Trilha do Ouro - (relato aqui) que eu tinha terminado em Mambucaba, Angra dos Reis. Como estava de férias e dispunha de vários dias, peguei o circular em Angra e segui até Paraty para no dia seguinte tomar um barco para a Praia do Pouso da Cajaíba e de lá iniciar outra caminhada, na direção da Praia Martim de Sá.
A travessia na Serra da Bocaina tinha sido bem tranquila, por isso ainda tinha fôlego para mais uma outra caminhada.

Foto acima, na trilha próxima do costão com a Praia Martim de Sá ao fundo

Fotos e um croqui com a trilha plotada: clique aqui
Tracklog para GPS dessa travessia: Clique aqui

Depois de ter chegado em Paraty, vindo de Angra dos Reis, já tinha uma indicação de hospedagem na cidade: era a Pousada Marendaz, que eu já tinha ficado uma outra vez.
A localização é perfeita e seus preços são relativamente bons e como era uma Segunda-feira, nem fui com reserva, pois sabia que a cidade estaria vazia.
Trecho de barco
Nessa travessia contava também com a ajuda do Sérgio Beck. Estava levando o relato que ele publicou no livro Caminhos da Aventura e por ser a minha primeira vez na região, nos momentos que estaria com dúvidas, era só consultar o relato dele.
Depois de uma noite tranquila, levantei bem cedo, tomei o café da manhã na pousada e sai em direção ao cais de Paraty para procurar algum barco em direção à Praia do Pouso por volta das 09:00 hrs.
Sempre é possível encontrar algum saindo do cais ou retornando para a Praia do Pouso e consegui um, que dividi com mais 4 adolescentes surfistas que estavam indo para a Praia Martim de Sá.
Como o barco era pequeno, ele demorou um pouco mais e só fomos chegar lá por volta das 14:00 hrs.
Praia do Pouso ao fundo
Depois de chegar na areia da praia com a ajuda de uma pequena canoa, agora era procurar a trilha que nos levasse morro acima até o selado e de lá descer para a Praia Martim de Sá.
A trilha se inicia logo atrás do orelhão, seguindo para esquerda e se tiver dúvidas é só perguntar para os moradores que qualquer um pode indicar. A subida é íngreme e exaustiva.
Depois de chegar no topo da trilha, onde fica a divisa do selado, existe uma bifurcação à esquerda para a Praia da Sumaca (ou Praia da Joatinga) que passamos direto. A vista desse ponto é maravilhosa e alguns clics depois, iniciamos o trecho de descida até a Praia de Martim de Sá, onde chegamos por volta das 16:00 hrs.
O único morador aqui é Sr Maneco e sua família, que recentemente ganhou a posse definitiva do lugar. Ele disponibiliza uma grande área de camping com banheiros e uma pequena cozinha com pias.   
A praia é muito bonita, ondas fortes e boa para surf. 
Depois de uma noite tranquila no camping, acordei bem de manhãzinha e fui acertar com o Sr. Maneco o valor do camping e saí em direção à Praia de Ponta Negra, meu objetivo naquele dia.
A trilha sai bem ao lado da casa, na direção oeste. Na dúvida é só perguntar ao Seu Maneco que vai te dar algumas orientações bem úteis, mas a trilha é bem nítida e fácil.
Existe uma bifurcação para um Poção e para o Pico do Cairuçú à direita, depois de uns 30 minutos, mas é uma trilha usada somente para quem vai até o Poço. Não compensa chegar no Pico do Cairuçú por essa trilha.
Praia do Cairuçú
O Saco das Anchovas vai aparecer logo à frente com várias casas de pescadores ao lado do costão.
Aqui é possível seguir pela trilha bem acima das casas ou descer e passar ao lado delas.
Mais alguns minutos à frente e outra bifurcação, sendo que esta leva até a Praia do Cairuçú, onde existe uma casa e uma nascente ao lado. É uma praia muito pequena, quase deserta e ótima opção para passar algumas horas descansando.
Seguindo pela trilha principal, mais a frente passei ao lado da casa do Sr. Aplígio (que possui uma pequena área de camping) à esquerda e uns 50 metros depois tem um riacho onde encontrei algumas mulheres lavando roupas.
Depois desse riacho tem ainda uma outra casa à direita e logo a trilha se divide em 2: uma que segue para esquerda, próxima ao costão, mas a trilha certa é a da direita. 
Mais alguns minutos de caminhada e chego novamente em uma bifurcação em "T", onde é só seguir para esquerda e daqui para frente é plano até iniciar a longa subida, com alguns trechos bem íngremes cruzando inúmeros riachos (junto à bifurcação existia uma placa fixada em uma árvore indicando PONTA NEGRA para esquerda, mas parece que recentemente retiraram ela).
Praia de Ponta Negra
Esse é o pior trecho, já que a subida parece nunca terminar. A caminhada é muito cansativa por dentro da mata fechada e no meu altímetro o topo chegou a + - 560 metros.
Pouco minutos antes de chegar lá existe uma Gruta chamada Toca da Onça que pode ser uma boa opção em uma emergência.
Depois de um pequeno trecho no plano, agora é descida muito íngreme, onde é recomendável ir se segurando nas raízes e galhos senão é tombo na certa.
Cheguei na Praia de Ponta Negra as 16:00 hrs com uma pequena chuva.
Na Praia de Ponta Negra
Aqui existem vários campings e escolhi o quintal da casa da D. Dilma, junto da escada de acesso à praia. O lugar era bom porque tinha a proteção de um bambuzal bem ao lado e a praia estava bem próxima.
Montada a barraca, desci até praia e encontrei inúmeras crianças que jogavam futebol na areia.
Entrar na água era um pouco perigoso porque as ondas eram fortes, devido ao tempo chuvoso. Só fiquei mesmo observando o pessoal jogando futebol.
Depois de alguns clics, voltei para a barraca e fiquei descansando até o anoitecer, quando fui preparar meu jantar.
Durante a noite choveu para caramba e de manhãzinha ainda tinha aquela garoa e o vento frio. 
Praia das Galhetas
Fiquei na dúvida se ficava dentro da barraca ou continuava a caminhada. O problema é que ficar mais um dia naquela praia era perda de tempo, devido ao tempo nublado. 
Não poderia ficar esperando o tempo melhorar, né. 
Continuei a travessia com garoa mesmo.
A continuação da trilha está bem a oeste da praia e seu acesso é bem fácil.
Depois de alguns minutos já fui chegar na Praia das Galhetas (muita pedra e sem areia, mas inúmeros poções em um rio que deságua na praia). Nesse trecho é preciso tomar muito cuidado porque a trilha cruza o rio pelas pedras.
Praia dos Antigos
Deixando o rio para trás, a trilha vai subindo um pequeno morro para depois descer tudo.
Nesse trecho se encontra com uma bifurcação junto a um pequeno riacho que leva até a Praia dos Antiguinhos, que é deserta.
Mais alguns minutos e chego na praia mais bonita dessa travessia: a dos Antigos.
O local conta com 3 nascentes e é proibido para camping. 
Existe até uma placa no local alertando sobre isso. Nessa praia fiquei por um bom tempo apreciando a vista.
Chegando na Praia do Sono
Mais um trecho de subida de morro e chego na Praia do Sono, que é a última dessa travessia e a preferida de muitos mochileiros.
O visual que se tem antes de descer até a praia é lindo e mereceu vários clics.
O problema é que a chuva deixou a trilha escorregadia e com isso tive que descer bem devagar para não cair.
Próximo da areia, encontrei muito barzinho com algumas barracas e mais para dentro existem outros inúmeros campings. 
Praia do Sono
Depois de chegar no final da praia, parei um certo tempo aqui e fiquei só observando a minha última praia dessa caminhada, pensando em voltar algum dia com tempo bom.
A continuação da trilha é no final da praia, mas agora a caminhada é quase toda ela feita por uma antiga estrada de terra com um pequeno trecho inicial por trilha íngreme.
Do Sono até o ponto de ônibus na Vila Oratório foram umas 2 horas de caminhada, onde cheguei por volta das 13:00 hrs  e lá esperei o circular de Laranjeiras para Paraty.
Ainda deu tempo de comprar a passagem de volta para Sampa naquele dia no ônibus das 16h30min, onde dormi a maior parte da viagem. 
Depois de 2 travessias seguidas uma da outra, pegando Sol e chuva, ao longo de mais de 1 semana, só tenho que agradecer.
Foram caminhadas maravilhosas: serra e mar, tudo junto. Valeu muito a pena o esforço.


Essa caminhada pela Ponta da Joatinga é uma das minhas travessias de litoral preferidas. 

As praias são lindas e o visual nem se fala. Voltei para esse lugar mais 2x. Os relatos são esses:
http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/04/relato-passando-por-apuros-nas.html
http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/05/relato-contornando-saco-do-mamangua.html


Dicas e algumas informações úteis (Atualizado Julho/2020)

# No bairro do Perequê (final da travessia da Trilha do Ouro) sai um circular da empresa Colitur em direção à Paraty. Para saber os horários: Clique aqui

# A oferta de pousadas em Paraty é muito grande. E tem para todos os bolsos e gostos. A Pousada Marendaz, que eu fiquei, se localiza bem na entrada do centro histórico e com bons preços. Página no Facebook: Clique aqui.

# No cais de Paraty é possível encontrar barcos em direção à Praia do Pouso da Cajaíba. Se quiser pagar um valor menor, existem também barcos saindo de Paraty Mirim. 
Da Rodoviária sai um circular para esse bairro. 
Outra opção é já reservar o barco: Sr. Quino- (24) 99859-2664.
Valor atualizado (ano 2020) do barco até Praia do Pouso: cerca de $100/pessoa.

Ao sair do Camping do Seu Maneco evite o trecho antigo por onde eu segui, que sai de dentro do Camping, próximo da casa. Siga até o extremo da praia e lá sai uma trilha demarcada e bem mais tranquila que segue próxima do costão até a Enseada das Enchovas, onde as 2 trilhas se encontram.

Não deixe de conhecer a Praia do Cairuçú, apesar de ser bem pequena. Agora no local existe uma “jacuzzi” que é fantástica e com uma única casa que pertence a D. Joelma e Sr. Pedro.

# É possível também acampar próximo da Praia do Cairuçú, mas não na areia, mas no Camping junto da casa do Sr. Aplígio, subindo um pouco a trilha que sai da praia.

# Na Praia de Ponta Negra, pelo que sei existem 3 campings:
- Camping da D. Dilma (às vezes quem está lá é seu filho Bob) – junto da escada de acesso à praia.
- Camping da Branca (24) 9938-1614; (24) 99920-0036; (24) 99815-3780;
- Camping do barqueiro Ismael (24) 99973-8365.

Existem alguns chalé e quartos para alugar na Praia de Ponta Negra.
- Teteco (24) 3371-2673 e (24) 99956-8822 

# Leve bastante repelente, porque os pernilongos estão presentes em todas as praias.

# Horários do circular que faz a linha Laranjeiras-Paraty: Clique aqui

# Da Praia do Sono ou de Ponta Negra é possível também contratar um barco que te leve até o cais de Laranjeiras e de lá uma kombi te levará até a portaria do condomínio, onde fica um ponto de ônibus. 

# Sinal de telefonia celular da Vivo é muito difícil conseguir nessa travessia. Na Praia do Pouso e em Ponta Negra existem telefones públicos. Em Ponta Negra costuma estar quebrado.

# Água não é problema nessa travessia, já que se cruzam inúmeros riachos e nascentes.

Barqueiros que fazem o trajeto Praia de Ponta Negra-Laranjeiras ou vice-versa:
- Ismael: (24) 99973-8365
- Fábio: (24) 99959-7841
- Xandi: (24) 99981-9499

7 comentários:

  1. Estou planejando fazer essa travessia, e vejo que em todos os relatos que já li ate agora, todos pegam uma embarcação ate a praia do pouso...meus planos e o inverso e a de subir ate ela a pé, pra voltar teria que pegar uma embarcação? Voltar a pé novamente? Ou tem algum modo de voltar a civilização pela praia do pouso? Essa travessia e de um sentido só?


    Desde já agradeço pela oportunidade...Moabe Carvalho

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    1. Fazer a travessia da Joatinga no sentido inverso, entrando por Laranjeiras e finalizando no Pouso não recomendo.
      É complicado vc conseguir um barco na Praia do Pouso que te leve até Paraty. Até pode conseguir, mas por estar sozinho, o valor não vai ser baixo.
      Vc leu esse relato abaixo?
      http://trilhasetrips.blogspot.com.br/2013/05/relato-contornando-saco-do-mamangua.html


      Abcs

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  2. Olá Colega! Vou fazer esta trilha em fevereiro/2015, ainda não tenho companhia e não gostaria de ir sozinho. Você pode me dar alguma dica?

    Obrigado!

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    1. Se quiser fazer essa trilha com outras pessoas tenta no Fórum Mochileiros.
      Lá é bem fácil encontrar cias para caminhadas.
      Eu recomendo também dar uma lida nos outros dois relatos porque, dependendo do tempo disponível, dá para vc incluir outras praias nessa travessia e até encontrar outras pessoas nos campings estruturados.
      Mas fazer essa caminhada sozinho é super tranquilo.
      E no verão sempre dá para encontrar outras pessoas fazendo essa trilha.


      Abcs

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Augusto,
    Parabéns pelo blog! Excelentes relatos e dicas.
    Irei fazer essa travessia no próximo mês e queria saber por que iniciam ela pela Praia do Pouso e não pela Praia Grande?
    Abraços!

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  5. Oi Alexandre.
    Iniciando pela Praia Grande vc terá de caminhar um longo trecho ate o Pouso.
    É por isso que muita gente evita esse trecho.
    E quem inicia pela Praia Grande é porque tem bastante tempo disponível.
    Valeu.
    Abcs

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